Informativo

Rio, 15 de outubro de 2015               

Robson – uma luta desigual

Sempre tive uma grande admiração pelo Robson. Não o conhecia muito, apenas o encontrava em atos e reuniões do nosso movimento de luta. Inteligente e inconformado, tinha sempre uma posição própria sobre os assuntos, que testemunhava sua postura independente na luta pelos direitos da pessoa com deficiência.

Robson chamou minha atenção em um encontro promovido em julho de 2009 pelo Jornal o Dia e a Secretaria de Transportes, sobre direitos das pessoas com deficiência e acessibilidade.

Estávamos lá, na mesa, o então Secretário de Transporte - Julio Lopes, o presidente da Fetranspor - Lélis Teixeira, toda a então alta hierarquia política da área de transportes, inclusive o Ministro da Cidade, Marcio Fortes, e eu, única representante do movimento convidada para a mesa. Encenava-se uma festa tanto para os organizadores quanto para as pessoas com deficiência.

Fizemos sim desse dia um dia de luta. Nossas falas inconformadas começaram ainda na hora da abertura, minha fala foi contundente, Julio Lopes não conseguiu defender a omissão do estado, a abertura virou hora de protesto, e cada uma das pessoas do movimento foi tomando a pediu a palavra e expôs sua indignação. Julio Lopes retirou-se discretamente.

Conheci o Robson nesse dia e fiquei sua admiradora. No auge da nossa empolgação, da discussão e dos argumentos do segmento das pessoas com deficiência contra a política de transportes e o desrespeito a seus direitos de cidadania, o secretário Julio Lopes ainda tentava nos conquistar... Virou-se para Robson oferecendo seu cartão de visitas e com ele a atenção da Secretaria. Robson, tranqüila e impositivamente respondeu: - Obrigado, mas já tenho uma pilha deles em casa, seu cartão pessoal não me interessa, não me interessa uma atenção pessoal, me interessam serviços de transportes acessíveis, ônibus acessíveis, calçadas acessíveis.

Sempre me acompanhará esse gesto de ousadia do Robson, que parecia dizer: - Não me intimidam autoridades, mas me move a luta intransigente pelos direitos das pessoas com deficiência.

Havíamos acabado naquele momento com uma programada festa dos donos da omissão, mas o desrespeito aos diretos das pessoas com deficiência permaneceu esmagador.

Robson tinha 45 anos e faleceu dia 29 de setembro. Certamente Robson encontrará com João e Vinícius, e poderão juntos conversar e rir, como se estivessem na varanda do IBDD, nos protegendo.

 

 

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Robson Sampaio

 
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